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Foto do escritorElis Cristina

FORTALECENDO A REDE - MULHER, SOCIEDADE E SOBERANIA ALIMENTAR


E a semana começa. .. um pouco ainda juntando os cacos, mas com a singela felicidade de saber que essa semana, mais especificamente quarta-feira dia 31/10, inicia-se as aulas do Programa DEMÉTER, a capacitação em jardinagem para um grupo de mulheres maravilhosas. Mulheres estas que terão a oportunidade de desfrutar de um programa de capacitação que envolve o empoderamento feminino, a educação ambiental e a construção de um novo caminho para elas, um caminho para novas trajetórias e, mais do que nunca, a oportunidade para nos fortalecermos em grupo (rede) para enfrentarmos o que quer que seja!

Não é a primeira vez, portanto, que escrevo sobre a Mulher, Jardinagem, Agricultura e Meio Ambiente, e imagina, também, que não será a última. Recentemente tive a oportunidade de descobrir que as Mulheres representam no mundo metade dos 2,5 milhões de pequenos agricultores, habitantes das florestas, criadores e pescadores, os quais têm imensa responsabilidade na sustentabilidade dos sistemas alimentares, principalmente em países de desenvolvimento da América Latina e o Caribe, e que elas , as mulheres, são responsáveis por 45% da produção de alimentos, entretanto, paradoxalmente, compõem a maior parcela de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza e sujeitas à fome e desnutrição.

Portanto, quando falamos em sustentabilidade alimentar, soberania alimentar, agroecologia, ecologia e sustentabilidade, não existe a possibilidade de não incluirmos a questão da igualdade de gênero e o feminino, bem como da importância de seu fortalecimento e discussão, e, assim, estou eu aqui novamente pra trazer números, dados e informações que possam contribuir.

A figura do feminino esteve sempre muito atrelada à palavra e o ato da alimentação, a provedora do alimento, seja no momento da amamentação, bem como na hora de cozinhar. A agricultura e fertilidade, por sua vez, também sempre estiveram intimamente relacionadas com o feminino, como exemplo na antiga Grécia da DEUSA DEMÉTER, deusa esta responsável pela agricultura e fertilidade. Entretanto, o valor da mão de obra feminina no campo, bem como seu reconhecimento, veio se perdendo com o passar dos anos, passando a ser esquecida, ou vista como ajuda e não exatamente como trabalho, sendo muitas vezes não reconhecida e, principalmente, remunerada por isto.

Entretanto, camuflada, ou não, a mão de obra feminina é responsável pela maioria da força de trabalho dos sistemas alimentares, o que nos faz enxergar que a sua valorização e aprimoramento impacta positivamente na segurança alimentar no planeta e também na economia. Portanto, hoje quando falamos em acessibilidade aos alimentos e sua produção de forma sustentável, estamos falando de mulheres, femininsmo, igualdade de gênero, justiça social e naturalismo, também.

Segundo a Via Campesina, organização internacional de camponeses, Soberania Alimentar significa o direito dos povos a definir seus próprios sistemas alimentares e agrícolas; a proteger e regular a produção e o comércio agrícola internos para alcançar objetivos de desenvolvimento sustentável; a determinar seu grau de autossuficiência; a limitar o dumping de produtos em seus mercados (...). A Soberania Alimentar não nega o comércio internacional, mas sim defende a opção de formular as políticas e práticas comerciais que atendam melhor aos direitos da população à alimentação e a dispor de produtos agrícolas inócuos, saudáveis e ecologicamente sustentáveis.

Bom, que o papel da Mulher, portanto, na soberania alimentar é de extrema importância, acho que não nos ficou dúvida, não é mesmo?! Porém, como então fortalecer o trabalho feminino e, consequentemente, alcançarmos a soberania alimentar?!

Ficou claro que o alcance de uma soberania alimentar está muito mais nas mãos dos indivíduos, aqueles diretamente e indiretamente relacionados a agricultura, e suas instituições e organizações, do que das empresas e mercados. Portanto, as políticas relacionadas à alimentação não podem ser apenas de responsabilidade dos monopólios corporativos, economistas e profissionais da área de agricultura, pois diz respeito às mulheres e homens comuns e aos nossos interesses.

Então, acabamos voltando às questões do feminismo e do empoderamento feminino e das suas necessidades para que sejam colocadas ao centro da roda, POR TODXS, e proporcionar reflexões e discussões saudáveis que nos levem a novas formas de enxergar o mundo, os outros seres vivos e a nós mesmos!

Para finalizar, gostaria de deixar registrada a fala de Michel Pimbert, diretor do centro de agroecologia, água e resiliência da Universidade Coventry no Reino Unido, para que iniciemos esta semana, em especial, refletindo sobre o papel da MULHER NA SOCIEDADE e, consequentemente, as mudanças sistêmicas na sociedade que queremos para nós e para todxs:

"Nesse sentido, a soberania alimentar implica uma maior participação cidadã e formas mais diretas de democracia na gestão dos sistemas alimentares. Os cidadãos, especialmente as mulheres, devem cultivar as habilidades e os processos necessários para uma participação cívica ativa na abordagem de assuntos públicos. Isso não é tarefa fácil. Por exemplo, embora as organizações locais cumpram um papel-chave na elaboração de reformas visando a soberania alimentar, nem sempre dedicam espaços para a participação efetiva das mulheres, comprometendo o caráter democrático dos debates e ações. Assim, para que a voz delas seja ouvida, essas organizações têm que considerar as prioridades das mulheres e apoiar o desenvolvimento de suas capacidades.”

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